terça-feira, 22 de abril de 2008

Para tudo ficar igual

Em 1982 os jovens argentinos protestavam diante da Casa Rosada contra a ditadura militar. Naquele ano os generais invadiram as ilhas Malvinas, território britânico, reivindicadas pela Argentina. Eu lembro de ver na tv os argentinos cheios de orgulho apoiando a desastrada aventura, celebrando diante do mesmo lugar onde antes protestavam. Os ditadores enfiaram o país num desastre para obter um pouco mais de sobrevida a um regime que agonizava. O resultado final é um monumento em Buenos Aires aos Caídos e a tentativa de esquecer o que ocorreu.

Isso me veio à lembrança ao observar o furor nacionalista dos jovens chineses porque acham que há um complô mundial contra o país em razão dos vários protestos gerados pela repressão no Tibete. A França virou o alvo maior dos protestos por causas dos incidentes que marcaram a passagem da tocha olímpica por Paris. Também li em algum lugar que o progresso econômico ocorreu por causa do regime autoritário e não apesar dele. Para o governo chinês, as Olimpíadas poderão não representar a admiração do mundo pelas conquistas recentes do país porém conseguiram o que não imaginavam, o apoio quase fanático de seus jovens. Ora se o regime conseguiu o apoio daqueles que normalmente reivindicam mudanças, seguramente tudo permancerá igual. Para sorte dos jovens chineses, o episódio da tocha será menos sangrento que a aventura dos últimos generais-ditadores argentinos

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