terça-feira, 1 de julho de 2008

A classe média que bebe e mata no trânsito

A classe média reclama da violência, das mortes que acontecem por atacado, do domínio do tráfico no Rio de Janeiro, e por aí vai. É também é muito reveladora a reação dos membros da classe média em relação à nova proibição de beber qualquer quantidade de álcool ao se guiar um veículo automotor. Muitos homens e mulheres nas reportagens mostravam suas racionalizações para defenderem o direito de encher a cara e dirigir. Claro que todos afirmaram que duas taças de vinho ou dois copos de cerveja ou um cálice de conhaque não os atrapalham na direção dos veículos. Também é óbvio que nenhum deles disse que dificilmente se limitam a duas doses de qualquer coisa. Quantos colegas eu vi sairem tortos dos bares e pegarem seus veículos. Provavelmente todos sortudos por nunca terem se acidentado mas infelicidade para muitos outros que perderam as vidas por causa de um motorista embriagado. Eles deveriam ir consolar o marido que dias atrás perdeu mulher e os dois filhos ao ter o carro atingido por um caminhão conduzido por um motorista bêbado quando esperavam pelo regresso do chefe da família que foi comprar gasolina para o veículo parado no acostamento por falta de combustível. Deveriam também consolar o homem morto dentro do posto de combustível ao ser atingido por um veículo dirigido por outro motorista bêbado. As estatísticas mostram que a maioria dos acidentes com mortes foram causadas por motoristas que tinham bebido.

A classe média reclama da violência praticada pelos criminosos mas tem um arsenal de desculpas para as milhares de mortes no trânsito brasileiro principalmente porque é a classe média que tem automóveis. A classe média pode beber e dirigir impunemente afinal de conta criminoso é quem usa arma.

Sinceramente só espero que a lei tenha sucesso em diminuir tantas mortes. E eu vou continuar fazendo o que sempre fiz: se beber não dirijo e se dirigir não bebo.

O preconceito nosso de cada dia

Já dizia minha avó que em boca fechada não se entra mosca.

Ontem (30/06) a modelo Isabeli Fontana num programa de TV em rede nacional disse que não gostaria que seus filhos pequenos fossem gays. E um ditado popular também diz que a emenda pode ser pior que o soneto: tentando amenizar o que tinha dito ela acrescentou que conhece gays e que os adora. Aliás o mundo é cheio de gente que adora gays desde que não sejam parentes próximos, assim como muitos têm amigos negros mas não se casariam com eles. Como se gay e negros fossem câncer, falemos, conversemos abertamente sobre o assunto principalmente se a doença acontecer na casa do vizinho.