O que me impressiona é como um país/cidade que ocupa uma pequena área nas encostas de um rochedo (no Rio de Janeiro chamaríamos de morro como todos os que existem em terras cariocas) encravado em território francês consegue atrair tanta atenção e dinheiro. A cidade está em obras para o Grande Prêmio de Fórmula 1, disputado nas ruas da cidade, não existe um autódromo para isso. Alguns poucos privilegiados muito endinheirados poderão assistir a tudo tomando sol nas coberturas de iates espetaculares. As Ferraris, os Bentleys, os Porsches continuam subindo e descendo as ladeiras da cidade e os pobres mortais como eu não podem deixar de se dar conta de que como há tanto luxo e dinheiro disponíveis para muito poucos.
terça-feira, 29 de abril de 2008
Mônaco
O que me impressiona é como um país/cidade que ocupa uma pequena área nas encostas de um rochedo (no Rio de Janeiro chamaríamos de morro como todos os que existem em terras cariocas) encravado em território francês consegue atrair tanta atenção e dinheiro. A cidade está em obras para o Grande Prêmio de Fórmula 1, disputado nas ruas da cidade, não existe um autódromo para isso. Alguns poucos privilegiados muito endinheirados poderão assistir a tudo tomando sol nas coberturas de iates espetaculares. As Ferraris, os Bentleys, os Porsches continuam subindo e descendo as ladeiras da cidade e os pobres mortais como eu não podem deixar de se dar conta de que como há tanto luxo e dinheiro disponíveis para muito poucos.
domingo, 27 de abril de 2008
Au revoir
Essa será uma das lições daqui: mudar idéias, experimentar coisas.
Vou sentir saudades da França.
Coisa de louco
sexta-feira, 25 de abril de 2008
É de boa qualidade?
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Farofa na praia
Juan les Pins não é exatamente o piscinão de Ramos, haja vista os iates parados por aqui e os preços dos aluguéis no verão. Hoje na praia o que eu mais via eram pessoas carregadas com suas bolsas de supermercado, devorando sanduíches ou a comida preparada em casa. Coisa mais normal do mundo assim como as mulheres de todas as idades tomando sol de topless, os bem-nascidos das praias brasileiras teriam uma crise de piti.
Contrastes da cozinha francesa
O oposto da escola é o pequeno restaurante que fica na rua da praia de Juan, operado por uma família. A senhora é quem serve os clientes e se a coisa aperta o marido dela vem ajudar. Não é um restaurante cinco estrelas, longe disso. Porém a comida é simplesmente maravilhosa. O tempero da salada é ótimo, eu simplesmente não acrescento nem sal como sempre costumei fazer mesmo antes de provar a comida em outros lugares. Até rúcula, que acho uma verdura indigesta, fica bem na salada. Nunca fui fã de mariscos porém passei a gostar. A salada César que comi hoje com camarão substituindo o filé de frango estava simplesmente maravilhosa. Estou me permitindo ao luxo de comer nesse restaurante porque são meus últimos dias na França, algo tipo última refeição de um condenado.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Praia e bonde
terça-feira, 22 de abril de 2008
Maus serviços franceses
Para tudo ficar igual
Isso me veio à lembrança ao observar o furor nacionalista dos jovens chineses porque acham que há um complô mundial contra o país em razão dos vários protestos gerados pela repressão no Tibete. A França virou o alvo maior dos protestos por causas dos incidentes que marcaram a passagem da tocha olímpica por Paris. Também li em algum lugar que o progresso econômico ocorreu por causa do regime autoritário e não apesar dele. Para o governo chinês, as Olimpíadas poderão não representar a admiração do mundo pelas conquistas recentes do país porém conseguiram o que não imaginavam, o apoio quase fanático de seus jovens. Ora se o regime conseguiu o apoio daqueles que normalmente reivindicam mudanças, seguramente tudo permancerá igual. Para sorte dos jovens chineses, o episódio da tocha será menos sangrento que a aventura dos últimos generais-ditadores argentinos
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Vanguarda uruguaia
Esse pequeno país acabou de oficializar a primeira união civil de um casal homossexual depois de ter sido o primeiro país latino-americano a legalizar as uniões civis há 3 meses atrás.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
O amor que cega e compraz
Eu ouço com paciência. Quando ele me pergunta como deve proceder com os presentes e com a pequena ajuda financeira que ele pretende dar à amada, eu não consigo evitar de dizer-lhe que se ela fosse professora teria de trabalhar 20 anos sem gastar o salário para juntar o que ele pretende dar-lhe em um mês. Que ele próprio precisa trabalhar alguns meses para juntar este pequeno presente. E me surpreendo quando ele me diz que desde que voltou da ilha nunca mais fez amor com outra.
No final de tudo, eu penso que de Giovanni todos têm um pouco.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Pelo progresso da medicina
O ditado brasileiro está precisando ser atualizado.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Esse é o inglês da globalização
Até de Brasília podem soprar bons ventos
Proposta de mudança no Estatuto do Estrangeiro permite que homossexual estrangeiro no país obtenha visto para companheiro
Novo projeto veda, também sem distinção de sexo, a expulsão, em caso de crime, de estrangeiro que possua companheiro brasileiro
- Reconhece a existência de uma união homossexual entre estrangeiros e entre um estrangeiro e um brasileiro. Se uma relação entre brasileiro e estrangeiro garante a este último o direito de não ser expulso em caso de crime, tem de ser óbvio que um estrangeiro que não cometeu crime também não pode ser expulso ou visto de outro ângulo, tem direito ao visto de residência e trabalho no país.
- Se direitos são estendidos a uma união homossexual que envolva pelo menos um estrangeiro por que então a união homossexual entre dois brasileiros não garante direitos semelhantes a união entre casais héteros?
- Se o governo gosta tanto de bater no peito para dizer que tem coragem de desagradar a muitos para gastar no social, por que não tem a mesma coragem para garantir direitos de muitos?
- E por último minoria é um termo que muita gente adora usar principalmente quando se usa porcentagem. Dez por cento de salário-mínimo brasileiro é realmente pouca coisa mas 10% de 186 milhões de habitantes são 19 milhões de pessoas, é muito mais que as populações de muitos países europeus ou quase 50% da população da Espanha. Estatística é a ciência das probabilidades, não das certezas.
Sede de quê? Fome de quê? 2
Estas declarações precisam ser entendidas dentro do contexto de preços altos para os alimentos e suas causas. E os dois sabem claramente que muitos países não resistirão a aventuras intervencionistas se suas populações correrem o risco de fome assim como os países produtores de alimentos sabem que poderão ser os alvos dessas empreitadas.
O Rio que não é maravilhoso
Apesar de não gostar das estilizações enganosas sobre o Brasil ainda prefiro ouvir a música "Copacabana" de Barry Manilow cantada em francês, com dançarinas vestidas de rumbeira e os dançarinos em trajes de ópera do malandro. Ainda que eu saiba que a música fale de um clube noturno em Nova Iorque e não exatamente da princesinha do mar porque o bairro carioca não fica ao norte de Havana como diz a canção assim como Lola e Rico não são exatamente típicos nomes brasileiros.
domingo, 13 de abril de 2008
As dores de amor e de saudade
Acabei enviando um email para o endereço de uma senhora em Cuba que irá alugar sua casa para Giovanni quando ele for a Cuba em novembro. O email era para ser entregue a Juanita que mora na mesma cidade. Eu fiz o que ele pedia achando que tudo acabaria ali. A resposta que recebi não poderia ser mais inusitada já que o filho da dona da casa me perguntava se eu não era filho de um parente dele que havia emigrado para Cuba anos atrás já que eu tinha mesmo nome e sobrenome.
Dia seguinte Giovanni retorna aonde moro pedindo que eu vá com ele até um telefone público para falar com a senhora da casa para perguntar a ela de Juanita. E lá fui eu sem casaco no frio até o telefone que fica a cem metros do prédio. Giovanni falava rápido mas entendi o que dizia: que ele chorava todos os dias desde que partiu de Cuba, que queria morrer na terra de Fidel.
-Luis, diz isso a senhora, pede para ela procurar Juanita. Diz que vou levar um belo "regalo" para ela se me fizer esse favor
A senhora com muita paciência me disse que faria isso, sem necessidade de presentes. Só então me caiu a ficha de que Giovanni estava apaixonado e chorava de saudades.
Depois recebi um email da senhora me dizendo que Giovanni já tinha ligado inúmeras vezes para ela, que ele desconhece a existência do fuso horário, e que eu pedisse a ele para não ligar mais já que ela não tem nada a ver com Juanita. Além de que ele estava atrapalhando e só voltasse a manter contato um mês antes de viajar. E junto veio a resposta de Juanita. Giovanni me fez ler a resposta algumas vezes, sempre fazendo as mesmas perguntas que eu jamais poderia responder. Apesar da barreira de idiomas ele consegue entender o que lhe convém e salta olimpicamente por cima do que não interessa. Ele acha que a resposta de Juanita foi inventada pela senhora da casa para que ele parasse de "encher o saco". Não sei quantas vezes me perguntou se eu acreditava se realmente tinha sido Juanita quem tinha ditado os termos do email.
Desde então eu já encontrei Giovanni várias vezes sempre me perguntando sobre emails de Cuba e até mesmo batendo na minha porta quase à meia-noite. E com tempo fui entendendo melhor a estória de Giovanni e Juanita.
Juanita é uma bela jovem de 22 anos por quem ele se apaixonou e a quem presenteou com pequenas somas em dinheiro pelos padrões europeus e mesmo brasileiros porém enormes do ponto de vista cubano já o salário médio de um professor da ilha é cerca de 25 dólares mensais. Com esses pequenos presentes ela pôde colocar um piercing na orelha e dente de ouro para embelezar o sorriso. Ele sempre faz questão de salientar que conheceu Juanita quando ela tinha mais de 20 anos, que ele não gosta de menores de idade que estão disponíveis aos turistas da ilha caribenha. Giovanni me disse que sabe que não é uma estória de amor, mas ainda assim ele chora por ela. Juanita espera revê-lo em novembro e já deixou ele saber que precisará de 450 dólares para emergências. Giovanni trabalha como um mouro para conseguir economizar o dinheiro dos presentes e do pequeno agrado de alguns poucos milhares de dólares que garantirá a companhia de Juanita enquanto ele estiver por lá. Ele diz que quando era jovem as jovens se achegavam a ele sem necessidade de presentes mas na idade atual isso já acontece mais. Ele já me perguntou o que ele deve fazer pois ele não pode simplesmente abandonar seu trabalho nem Juanita pode vir para França. No fundo ele sabe que se não tiver trabalho pago em euros dificilmente terá o calor do corpo de Juanita. E só faço escutar porque não tenho o que dizer e ainda se tivesse não mudaria o que ele sente. Ademais ele conhece e sabe as respostas às próprias perguntas.
Para mim é difícil lidar com a ansiedade Giovanni porém sigo escutando o que ele fala e servindo de intérprete porque consigo entender como ele sente. Ontem ele me entregou uma carta em espanhol provavelmente por duvidar que eu traduza corretamente o que ele quer dizer. O compatriota dele que escreveu a carta deve falar muito bem italiano porém de espanhol conhece muito pouco. A carta é um monte de palavras em "quase-espanhol" que juntas não fazem sentido e ainda assim tenho de fazer dela um email para que a senhora transmita à bela Juanita. Imagino que a cara de aborrecimento da senhora será menos agradável do que a minha cara de enorme paciência a mais uma solicitação do italiano desesperado.
A ansiedade, a obsessão, a falta de limites, a saudade, o desespero que tomam conta de Giovanni não são exclusividade dele. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, o desencarnado personagem relata as loucuras que fez ao se apaixonar por Marcela. O mundo é assim. Não bastam palavras de conforto, de sabedoria ou de consolo porque somente o contato com o corpo da amada ou do objeto do desejo é capaz de aplacar tanto sofrimento. Depois que o contato físico diminuir a dor, virá a ansiedade de querer ter certeza do que vai dentro do coração e da mente do outro e a partir daí a loucura reinará soberana tentando encontrar em cada palavra ou ato da amada um oráculo capaz de desvendar o futuro.
Cap d'Antibes
A natureza dessa região é um colírio para os olhos, não é de admirar a quantidade de turistas que decidem passar as férias por aqui. A cidade começa a se encher deles. As lojas elegantes estão abertas para os compradores. O sol tirou muita gente de casa e os carros engarrafaram as ruas de Juan les Pins num domingo.
Tudo é relativo
Domingo de sol em Juan les Pins as praias começam a se encher de gente. Vou para a praia de camiseta, bermuda, papete apenas sem os óculos de sol, chapéu e, obviamente, não tenho a pele de folha A4. Sem perceber entrei na realidade do local onde já não me parece mais estranho estar vestido assim para ir à praia. Até mesmo o vestuário dos noruegueses da escola que estavam na mesma praia era mais adeqüado à ocasião do que o meu.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Barraco francês
Nunca fui fã dos programas de barraco que vão ao ar na tv brasileira mas aqui na França eles servem para me ensinar francês tanto que consigo acompanhar parcialmente os diálogos e comentários.
Sempre me espantei como pessoas tímidas vão aos programas de tv para se declararem a um amor platônico e receberem um fora em rede nacional. É divertido ver a lavagem de roupa suja que ocorre ao vivo entre casais e famílias. Um dos programas mostrou uma dona de casa de cerca de 40 anos com 3 filhos adolescentes que vivia uma paixão com o namorado de 20 anos. Ela passou a agir como adolecente tardia e os filhos passaram a cuidar de si mesmos, da casa e da mãe que passava o tempo todo de beijos e abraços no sofá com seu garotão. Claro que o programa mostrou a mãe-tornada-adolescente caindo em si e voltando à razão. Para mim muitos desses casos são tão verdadeiros quanto uma nota de 3 reais ou de 3 euros.
Ontem à noite duas mulheres choravam em rede nacional o dinheiro que perderam para dois vigaristas. Uma foi enganada por um radiestesista que além de usar o pêndulo para resolver problemas pessoais se apresentava como conselheiro financeiro, legal e ainda de quebra receitava remédios. Os conselhos e negócios propostos por ele custaram à senhora, ex-dona de uma pequena construtora, 80 mil euros. A outra senhora foi enganada por um pastor africano de fala francesa que prega em inglês para quem entregou 145 mil euros para financiar uma cooperativa de cacau e café em algum lugar da África. O programa filmou as tentativas das senhoras de recuperarem seu dinheiro enquanto os vigaristas negavam na maior cara-de-pau que tivessem enganado alguém, tipo os ladrões do dinheiro público brasileiro em declaração às redes de tv. E mostrou o radiestesista dando uma consulta para uma jornalista fingindo ter um problema amoroso e o pastor no púlpito curando e exorcizando os presentes, tudo filmado com as mini câmeras dedo-duro e com direito a palavrões e quase porradas. Como esperado, nada resolvido, e então as vítimas foram para um banquinho no meio do palco do programa de TV, onde advogados e outros profissionais contratados pelo programa tentavam convencer o escroque a se arrepender ao vivo e a prometer reparar o mal causado. O programa esticou ao máximo o suspense da reparação do erro, com os dialógos entre os profissionais do programa e o charlatão transmitidos em alto e bom som mais as músicas incidentais que aumentavam o clima de suspense. Alguns dos diálogos e situações entre os jornalistas e os espertos eram tão improváveis que poderíamos dar um troféu-asno ou canastrão para os charlatães que atuaram com tanta naturalidade quanto os artistas pornô que gemem e se contorcem nos vídeos especializados. Os advogados do programa tentavam convencer os acusados com ameaças de denúncias por exercício ilegal da medicina e da advocacia, de remessa ilegal de dinheiro, etc. Gritavam, exasperavam-se, mostravam uma indignação e uma sinceridade tão comovente que quase fui convencido a acreditar que iria presenciar um milagre de conversão de um pilantra no mais sincero bom samaritano.
O barrado daqui conta com mais grana para a viagem do jornalista-detetive à África atrás da cooperativa de cacau e café. Mas no final das contas, não há diferença entre o barraco e o “barracô”. Roupa suja e maladragem são iguais em qualquer lugar do mundo.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Sede de quê? Fome de quê?
comida é pasto.
você tem sede de quê?
você tem fome de quê?
Centavo é dinheiro
quarta-feira, 9 de abril de 2008
A Torre de Babel é cor-de-rosa
A primeira vez que vi o Express 100, imediatamente me veio à cabeça Priscila, a Rainha do Deserto, que é o nome do ônibus do filme australiano. E creio que essa será a imagem que sempre terei do Express 100. O ônibus é todo pintado de rosa por fora e com estofado da mesma cor nos assentos. O painel frontal que leva o número 100 é cheio de brilho, bem chamativo não importa a hora do dia, por dentro tem luzes coloridas, tanto pode ser fresco quanto quente dependendo da estação do ano ou da vontade do motorista. Diferentemente do Priscila do filme, o número 100 não carrega transformistas em show ambulante pela Riviera Francesa. O número 100 liga a cidade de Antibes a Sophia Antipolis onde estão localizadas as empresas de alta tecnologia da região e à escola onde estudo. É expresso porque tem poucas paradas e com a grande vantagem de ser gratuito.
Em alguns horários, o número 100 é simplesmente uma torre de Babel quando os funcionários estrangeiros das empresas de Sophia e os alunos estrangeiros da escola que frequento coincidem de estar no ônibus. Os marroquinos conversam animadamente em árabe e francês, alternam entre esses idiomas sem perceberem e eventualmente usam o inglês. Em outra área, os chineses de Hong-Kong, de Singapura ou da China continental podem estar conversando não tão animadamente quanto os marroquinos. Não consigo distinguir entre os idiomas falados pelos jovens do Laos, da Tailândia, do Cambodja, do Vietnã entretanto todos têm em comum a enorme quantidade de sons nasais. Dá para sentir os sons sendo emitidos pelos narizes.
Para mim o sotaque dos canadenses é o mesmo dos americanos que em algumas horas parecem ser o maior grupo de estrangeiros do pedaço. Alguns canadenses se dão o luxo de exibirem suas habilidades de naturais de país bilíngue. Os ingleses com sua pronúncia própria, apesar de viverem tão perto, são minoria dentro do número 100. Também consigo distinguir o inglês dos indianos, claro que a aparência física e o modo como se vestem ajudam a diferenciá-los. Difícil, às vezes, era entender o inglês do meu colega nigeriano. As meninas de idioma espanhol também podem conversar bem animadamente. O norueguês, colega das aulas de francês para iniciantes, conversa com sua compatriota e ele sempre parece estar de bom humor. Ajuda muito o rosto vermelho que dá a ele um ar de bebê Johnson adulto. A única vez que ouvi português foi quando uma jovem lisboeta falava lentamente para que as amigas de fala espanhola tentassem entender o que dizia em português. Os franceses às vezes são minoria dentro do 100. A mim só resta usar inglês ou espanhol quando calho de encontrar os mexicanos que conheço. Aliás eu me sinto mais à vontade falando espanhol do que inglês ainda que eu conheça mais a gramática inglesa.
Para mim o 100 é uma assembléia de nações diversas que conseguem conviver pelo tempo de uma jornada de ônibus sem entrarem em guerra.
terça-feira, 8 de abril de 2008
O sexo das coisas
Os falantes de inglês só diferenciam por gênero os seres humanos e animais principalmente os de estimação. Existe a exceção para os objetos, navio é tratado por "ELA". Não conheço a razão disso, talvez quem sabe porque os marinheiro nos tempos mais antigos das altezas inglesas casassem com os navios pela falta de mulheres. Para os brasileiros o navio é um brutamontes de aço para os ingleses uma donzela um tanto grande demais mesmo assim uma dama. Enfim os ingleses só se preocupam com gênero nos pronomes pessoais, no resto como adjetivos, formas nominais de verbos, vale a mesma forma indiferenciada por gênero.
Os seres humanos carregam o sexo entre as pernas, ainda que alguns o tragam dentro da cabeça o tempo todo. O sexo dos animais também está lá entre as pernas, tá certo que no caso de aves é meio difícil de dizer. Há aqueles que nem pernas têm, enfim os animais têm sexo, visíveis ou não. E agora me digam, onde achar o sexo do sapato, da mesa, do sofá mesmo que sirva para se fazer muito sexo, do pepino em toda sua forma fálica? Os falantes da língua da rainha, simplificaram tudo tirando o sexo das coisas, até pode ser que tenham exagerado talvez tirando o sexo das próprias vidas porém isso é assunto para estudos especializados. E eu que tenho de descobrir o sexo das coisas em francês porque a sexualidade dos objetos varia conforme a língua: o nariz é macho em português mas uma donzela em espanhol, assim como leite que é cabra macho no idioma de Camões mas derrama-se em feminilidade na língua de Cervantes. Ainda para me deixar mais louco, as palavras iniciadas em vogal perdem até mesmo o auxílio do artigo definido que me ajudaria na diferenciação.
O sexo das coisas, as coisas do sexo, o sexo das línguas, é o sexo onipresente nas nossas vidas.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Indo à academia 2
Em Sampa era comum pedir para revezar com alguém que estivesse usando o mesmo aparelho que precisaria usar. Nessa academia a coisa é diferente, o povo ama fazer infinitas repetições no mesmo aparelho. Penso que alguns caras querem adquirir em um único dia os músculos que Rambo levou anos para obter. E como pedir para revezar com alguém usando apenas bonjour ou bonsoir? como não dá, o melhor é buscar aparelho alternativo.
Roupas e comportamentos ficam para outro texto.
Indo à academia
Eu levei quase 2 meses para me matricular em uma academia porém comecei a suar bem antes de iniciar as atividades físicas no momento em que fui às academias para saber de preços, horários e atividades. O meu francês hoje me permite falar com a dona da cafeteria da escola porque afinal de contas o menu não varia há 8 meses e nesse tempo já pude memorizar os nomes franceses de sanduíches, da única fruta e das bebidas. E como o preço também não varia, já entendo quando ela diz o quanto devo e claro a tela do caixa ajuda muito. Também já consigo desejar um bom final de semana. A dona deve me achar um abusado porque já respondi ao cumprimento dela com um "toi" quando deveria usar "vous" já que não temos qualquer intimidade. Espero que ela perdoe um estrangeiro que está tentando ser simpático e fazendo um esforço enorme para falar francês. Tanta volta para dizer que ao pedir informações nas academias o meu francês não ia além do bonjour ou bonsoir. Portanto era uma verdadeira ginástica entender o que me respondiam e mais difícil ainda era meu interlocutor entender o que eu queria saber. Nessas horas, eu era um perfeito analfabeto que falava português, espanhol ou inglês.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Faz 40 anos que Martin Luther King morreu
Early morning, April four
Shot rings out in the Memphis sky.
Free at last, they took your life
They could not take your pride.
Mal raiou 4 de abril,
Tiros cruzaram os céus de Memphis,
Finalmente livre, acabaram com ele
Mas não com o orgulho dele.
Em busca do hímem perdido
- Eu também, semprei imaginei como seria o momento em que me entregaria inteiramente ao homem da minha vida
- Já tinha desistido de me casar porque não acreditava que ainda existissem mulheres capazes de se guardarem para seus futuros maridos.
- Bobinho, claro que existem. As mulheres românticas e sonhadoras como eu jamais se entregariam a outro homem que não fosse o homem certo.
- Ângela, como te amo.
Vende-se hímens
quinta-feira, 3 de abril de 2008
O teclqdo frqnces - O teclado francês
Anos tentando ser rápido ao teclar e quando preciso usar um micro na escola quase choro porque o trabalho perde velocidade e qualidade. Os logins e senhas nunca funcionam na primeira tentativa e muitas vezes nem na segunda tentativa. Algo banal como usar o teclado francês me lembra que falar de diversidade é fácil, praticá-la é outra estória completamente diferente. Usar outro teclado me mostra como é difícil me acostumar a outra disposição das letras, como anos de hábito "adestraram" meus dedos a reagir automaticamente, a não ver que teclas pressiono. E sigo apanhando para pressionar os diferentes teclados necessários para ver e aceitar as várias formas de pensar e ser que existem no mundo.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Disparada
Por que afinal estou falando de flores ou disparando? Ao ler a notícia do link, os versos de Disparada vieram imediatamente a minha mente. Os vaqueiros do episódio real parecem crer diferente do vaqueiro que relata a Disparada. É revoltante ver adultos humanos que agem como animais com crianças.
Boiadeiro muito tempo, laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente, pela vida segurei
Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando
As visões se clareando, até que um dia acordei
Então não pude seguir valente em lugar tenente
E dono de gado e gente, porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente
Link para a notícia.
terça-feira, 1 de abril de 2008
1º de Abril: mentiras que poderiam ser verdade
Aliás poderíamos inventar o dia da verdade, se fosse tempo demasiado para contar verdades, poderíamos começar com um dia de meia-hora de verdades. Apenas para continuar no faz-de-conta que tal se mentiras como essas fossem realidade:
- O presidente do país sabe do que ocorre
- O Rio é a cidade maravilhosa
- O brasileiro é bem atendido nos hospitais públicos
- Os alunos de escolas públicas aprendem
- A polícia é uma das instituições mais respeitadas pela população
- Os políticos passaram a honrar os votos que receberam
- O mosquito da dengue não faz mais vítimas
- O PT é um partido ético
Mortes no paraíso
A mesma primeira página do mesmo jornal, em menor destaque, anuncia mais 13 mortes causadas pela dengue. E os dois governantes, tranquilos, como se as mortes tivessem ocorrido em Marte. Nem uma palavra à população que morre por incúria dos poderes públicos. Nenhum pedido de desculpa, nenhum ministro ou secretário demitido. Nem mesmo o usual discurso do presidente dizendo que não sabia ou que foi traído por não terem lhe avisado da gravidade da epidemia que se avizinhava. Até mesmo os jornais dão mais importância ao noticiário político.
As mortes não causam mais espanto no Brasil.