Ontem, 13 de maio, se comemorou os 120 anos do fim da escravidão no Brasil. Olhando os dados referentes aos negros, falta muito ainda para se comemorar. O IBGE diz que até o final deste ano, negros e pardos superarão a população branca. Em 2010, serão a maioria absoluta. A renda dos negros, se mantidos os atuais programas de distribuição de renda, será equivalente a dos brancos apenas em 2040. No domingo veio matéria no jornal dizendo que somente 3,5% dos cargos de chefias eram ocupados por negros. E o Supremo Tribunal Federal deverá julgar se o sistema de cotas para negros vigentes em algumas universidades é constitucional.
Os grupos a favor e contra as cotas esgrimem seus argumentos para embasar suas convicções. O argumento mais usado contra as cotas é que o problema reside na falência do ensino básico que prejudica os mais pobres, grupo no qual se enquadra a maioria dos negros. Sem um ensino básico de qualidade, poucos pobres, incluídos os negros, chegarão à universidade. Eu também acredito que seja verdade porém chegar à universidade não resolverá a questão. Na TV uma procuradora do Distrito Federal, que era contra as cotas, usou o argumento mais batido, surrado e falso para defender sua posição. Segundo ela, o que há no Brasil é o preconceito econômico: negro rico vira branco e pobre branco vira negro.
Para mim os grupos a favor e contra as cotas parecem esquecer que o simples fato de alguém entrar numa faculdade não garantirá que a discriminação deixará de existir. Hoje em dia há muitos negros e pardos com boa educação e que nem por isso ocuparão cargos de chefia. Entre um negro e um branco em condições de igualdade, a maioria das empresas privadas optarão pelo negro.
Quando fazia o mestrado, tive de fazer um trabalho sobre recrutamento e seleção. Eu recorri ao banco onde eu trabalhei e contei com a ajuda da responsável por RH da área onde fui funcionário. Ao me falar dos critérios de seleção, ela me fez a seguinte pergunta: quantos negros você já viu trabalhando no banco? Ela mesmo respondeu, existe uma norma não escrita mas o banco não admite negros. Eu perdi uma chance de ouro de perguntar por que eu e outro colega havíamos sido admitidos.
Há pouco mais de 2 anos, conversando com um colega de trabalhei, ele me disse que estava selecionando pessoas para trabalharem com ele. A mulher de RH do banco ligou para ele dizendo que tinha um candidato mas que havia um pequeno problema, ele era negro. O meu amigo teve de se controlar para não responder indignado porque ele também era negro. E seguramente eu deixei de ser aprovado em entrevistas ou promovido por ser negro. Para a maioria das empresas, negro de terno e gravata é segurança de loja ou de casa noturna. As empresas privadas sempre utilizarão o argumento mágico: o candidato ou funcionário não tem o perfil exigido para tal função.
A discriminação por causa da cor da pele existe e não é apenas uma questão de escolaridade ou de situação econômica. E o pior de tudo é que é quase impossível de ser provada. Não basta dar acesso à universidade, é necessário garantir que os ambientes de trabalho reflitam a distribuição demográfica da população brasileira. Não dá para garantir que não existe preconceito em empresas brasileiras que são tão brancas quanto empresas nórdicas.
Os grupos a favor e contra as cotas esgrimem seus argumentos para embasar suas convicções. O argumento mais usado contra as cotas é que o problema reside na falência do ensino básico que prejudica os mais pobres, grupo no qual se enquadra a maioria dos negros. Sem um ensino básico de qualidade, poucos pobres, incluídos os negros, chegarão à universidade. Eu também acredito que seja verdade porém chegar à universidade não resolverá a questão. Na TV uma procuradora do Distrito Federal, que era contra as cotas, usou o argumento mais batido, surrado e falso para defender sua posição. Segundo ela, o que há no Brasil é o preconceito econômico: negro rico vira branco e pobre branco vira negro.
Para mim os grupos a favor e contra as cotas parecem esquecer que o simples fato de alguém entrar numa faculdade não garantirá que a discriminação deixará de existir. Hoje em dia há muitos negros e pardos com boa educação e que nem por isso ocuparão cargos de chefia. Entre um negro e um branco em condições de igualdade, a maioria das empresas privadas optarão pelo negro.
Quando fazia o mestrado, tive de fazer um trabalho sobre recrutamento e seleção. Eu recorri ao banco onde eu trabalhei e contei com a ajuda da responsável por RH da área onde fui funcionário. Ao me falar dos critérios de seleção, ela me fez a seguinte pergunta: quantos negros você já viu trabalhando no banco? Ela mesmo respondeu, existe uma norma não escrita mas o banco não admite negros. Eu perdi uma chance de ouro de perguntar por que eu e outro colega havíamos sido admitidos.
Há pouco mais de 2 anos, conversando com um colega de trabalhei, ele me disse que estava selecionando pessoas para trabalharem com ele. A mulher de RH do banco ligou para ele dizendo que tinha um candidato mas que havia um pequeno problema, ele era negro. O meu amigo teve de se controlar para não responder indignado porque ele também era negro. E seguramente eu deixei de ser aprovado em entrevistas ou promovido por ser negro. Para a maioria das empresas, negro de terno e gravata é segurança de loja ou de casa noturna. As empresas privadas sempre utilizarão o argumento mágico: o candidato ou funcionário não tem o perfil exigido para tal função.
A discriminação por causa da cor da pele existe e não é apenas uma questão de escolaridade ou de situação econômica. E o pior de tudo é que é quase impossível de ser provada. Não basta dar acesso à universidade, é necessário garantir que os ambientes de trabalho reflitam a distribuição demográfica da população brasileira. Não dá para garantir que não existe preconceito em empresas brasileiras que são tão brancas quanto empresas nórdicas.
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